Olá amigo, fico feliz de te ver por aqui!
Infelizmente, por motivos pessoais, estou passando por um período sombrio da minha vida... onde não me sinto com muita vontade de fazer piadas e falar sobre assuntos levianos como de costume.
( curiosamente também tem aumentado a minha preferência por metal extremo... )
Então pra não deixar o blog deserto como a fila do açougue da Friboi, resolvi trazer uma postagem um pouco mais séria, com uma reflexão interessante e valiosa.
Sem mais enrolação,
Eu aposto que você nunca ouviu falar da "Guerra do Arco-Íris"..... estou errado?
Calma eu te explico, eu sou um cego legal... 😃
"Guerra do Arco-Íris" ou "Rainbow War", é um curta-metragem de 19 minutos com um estilo meio "live action", mesclando objetos cinematográficos 2-D com pessoas reais atuando.
O curta foi criado para a "Expo 86", que foi o nome da Feira Mundial de 1986 em Vancouver, BC.
Foi dirigido por Bob Rogers e a cinematografia foi feita por Reed Smoot.
O filme é majoritariamente sem diálogos, então a trila sonora ocupa sua maior parte.. existem 5 temas diferentes, um para o herói, outro para a heroína, e mais um para cada reino.
O curta é uma análise figurada sobre a diversidade cultural, exemplificado de forma tão simples, que até uma criança consegue entender.
De fato, foi assim que o filme chegou até mim .... muitos anos atrás quando eu ainda era um garotinho sorridente, cheio de esperanças e catarro no nariz.. minha mãe, professora de sociologia na universidade, colocou pra mim o VHS desse curta, que uma amiga dela havia emprestado.
Pra uma criança parecia apenas um filminho legal e colorido com adultos fazendo bagunça.
Mas claro que minha mãe estava aproveitando para estimular o raciocínio crítico/sociológico no filho... aquela espertinha..... sempre com segundas intenções.
O roteiro é bastante simples (não tanto para 19 minutos). Basicamente existem três reinos, flutuando cada um em uma nuvem, e não existe ligação nenhuma entre os reinos, sendo assim, cada reino cresceu isolado dos demais. Obviamente, cada reino desenvolveu características diferentes:
Um reino é azul, onde tudo é clássico e erudito... e as pessoas usam roupas do renascentismo... e tudo é azul.
Outro reino é vermelho, tem um estilo feudal, é movido por paixão e emoção e só existe o vermelho.
O último reino é amarelo, é meio futurista, mais tecnológico e pragmático que os outros, e claro, só existe o amarelo.
Cada reino vivia em paz, feliz com suas cores e temendo tudo o que era diferente, até que um estudante do reino amarelo descobre uma forma de voar até os outros reinos.
O garoto amarelo sobrevoa o reino azul e acaba caindo no reino vermelho. Lá ele conhece uma moça que lhe dá uma flor vermelha em troca de seu cachecol amarelo.
Ele volta para o reino amarelo e é condecorado por sua invenção... porém ao mostrar a flor vermelha para a rainha amarela, todos se assustam, a ordem é dada, e rapidamente um homem surge com um pincel de tinta amarela e pinta brutalmente a flor.
O jovem é mandado para a prisão e sua invenção é confiscada para ser produzida em larga escala, assim os soldados do reino amarelo poderiam voar até o reino vermelho e "corrigi-lo".
Ao perceber que as pessoas do reino amarelo podem voar, o governante do reino azul, acaba sentindo a necessidade de inventar também uma forma de chegar aos outros reinos.... ele bola a sua invenção e também voa em direção ao reino vermelho.
Enquanto no reino vermelho, ao perceberem que estão sendo atacados de ambos os lados, por azuis e amarelos, todos se preparam para a batalha.
Ainda existe uma curiosa intenção diplomática por parte do reino azul... mas claro que por trás das boas intenções eles também queriam impor o azul como a melhor cor, e acabar com a "obscenidade" dos outros reinos.
Obviamente a guerra começa. É uma guerra de tinta, onde cada um tenta pintar o outro com sua cor, em outras palavras, cada um dos povos, convencidos de que sua cor é a melhor, tentam impor ela à força aos outros.
Ao longo da guerra, uma interessante analogia é feita... para espanto dos personagens, quando se juntam os jatos de tinta amarela com os jatos de tinta azul, surge uma tinta verde. Uma cor que ninguém tinha visto até então, e só foi possível criar através da união das duas cores. Da mesma forma com o vermelho e amarelo surge o laranja, e juntando o vermelho com o azul aparece o lilás...
Os soldados começam a se questionar sobre o motivo da guerra, pois eles, em contato uns com os outros, começam a ficar empolgados com as possibilidades da união entre as cores.
Mas é claro que seus governantes não gostam da ideia, e a rainha amarela força o povo a continuar lutando.
Até que por fim, com a bagunça, a garota que entregou a flor vermelha para o rapaz do reino amarelo, acaba caindo de uma ponte, sua vida está em risco, e todos resolvem se unir para ajudar. Os reinos cooperam entre si, mas é tarde demais, a garota cai para a morte certa... e se você quiser saber se ela vive ou morre, eu sugiro que você assista ao filme.....
...
ok é brincadeira, embora eu seja fortemente a favor de você investir 19 minutos de sua vida para ver esse curta, eu te conto o que acontece.
O garoto amarelo que conseguiu escapar da prisão, voa em direção ao reino vermelho e salva a garota no último instante... ( aparentemente ela era filha do rei vermelho ).
Todos percebem que é melhor cooperar, e que é mais inteligente simplesmente apreciar o resultado formado a partir da união das cores. O garoto e a garota voam formando um arco-íris, todos os reinos passam a ser interligados com pontes (também de arco-íris), e o isolamento acaba.
Eu acho que pouco me resta explanar sobre a analogia do curta... (cor = cultura) Ele é tão auto-explicativo que, como eu disse, até uma criança é capaz de entender.
Mas não é curioso... que uma criança entenda o significado do filme, e perceba como é bobo os adultos brigando ao invés de simplesmente se unir... e muitos adultos não são capazes de entender isso no dia-a-dia?
Ao longo da história temos duas verdades incontestáveis que o filme nos mostra. A primeira é que as pessoas temem aquilo que não conhecem, ou não entendem. A segunda verdade, é que geralmente quando duas culturas se encontram, cada um se considera o portador da verdade, aquele que sabe tudo, e portanto precisa "abrir os olhos" dos outros.
Eu entendo a fragilidade intelectual dos povos conquistadores de 500 anos atrás... impondo sua cultura e conquistando todos os nativos que viam pela frente, obviamente não endosso sua práticas, mas entendo tal comportamento naquela época.... o que não me desce a garganta é que em pleno século 21, esse tipo de pensamento ainda sobrevive.
Como podem existir pessoas que não conseguem aceitar e respeitar outras culturas?
Como podem existir pessoas lutando contra a globalização?
Como pode ganhar tanta força, a política de fechar fronteiras?
E o mais estranho.... Como podem as crianças entenderem, e os adultos não?
É óbvio que todos ganham quando cooperam... e todos perdem quando lutam.
Então porque continuamos lutando?...
Porque, depois que crescemos, esquecemos que existe essa tal de cooperação?
Eu deixo então essa reflexão... não fique pensando em "Brexit" ou no "muro do Trump"...
Pense em você.
Será que você no seu dia-a-dia, está sendo um bobo, fazendo uma guerra do arco-íris?
Será que você respeita as pessoas que pensam diferente?
Será que você já cogitou que pode aprender com elas? Evoluir? Criar uma nova "cor"?
Muitíssimo obrigado pela sua atenção, e caso você queira investir esses 19 minutos e assistir o filme, eu infelizmente não posso postar ele aqui, pelos direitos autorais...
Mas eu tenho uma estranha intuição, de que se você abrir o Vimeo, e digitar na busca: "Rainbow War 1985"... pode ser ..... quem sabe.... que você encontre alguma coisa.
E lembre-se amigo:
Nenhum de nós é tão forte, quanto todos nós juntos!
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